FILHO QUE ESTÁ GUARDADO

Pouco mais que um menino era eu ainda

Quando sonhei contigo, te imaginando aqui.

Na verdade eu era ainda um menino

E sonhei em Ter-te no colo a sorrir,

Te abrigar nos braços antes dos vinte anos,

Correndo contigo bem pouco depois.

Quantos planos fiz pra ti , meu bem amado

Quantos planos juntos por nós realizados;

Quantas coisas boas, sorrisos e abraços

Sem Ter despedidas, sofrer e cansaço.

Ia confidenciar-te antes dos quarenta

Contar-te das poucas e boas que a vida apresenta.

Queria ser teu amigo mais chegado,

Em que depositasses completa confiança,

Crendo de verdade, sem temer perigo.

Queria te ensinar sobre os caminhos tantos

E pessoas tantas, parentes e amigos.

Pensei que falaríamos como dois adultos.

Tu com trinta anos e eu, talvez, cinqüenta.

Tanto nós diríamos de um pensar ponderado.

Tantas novidades me trarias guardado

E eu te contaria tudo do passado.

Vinte e dois anos se foram, querido.

Passou tanto tempo e ainda não te tenho.

E em todos esse dias só hoje te fiz um poema,

Quando prestes chegas e já tenho quarenta.

Terei sete e zero quando tiveres trinta,

Se alcançar a bênção de ainda estar aqui.

Mas embora a idade quero ser-te amigo.

Pai que jamais falha, provedor e abrigo.

Quero ser como o Pai que a todos tem amado,

Que tudo melhora, lapida e perfuma,

Amigo infalível, o grande Pai do céu.

Peço a Deus a força para ser teu pai,

Pois quero ensinar-te como meu pai me fez.

Quantas coisas boas vistas desde a infância,

Toda esta beleza que no coração senti,

Com amor guardado vinte e dois anos pra ti.

Wilson Amaral

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 13/09/2006
Reeditado em 30/11/2006
Código do texto: T239597