RESIGNAÇÃO/MEU PAI

*Para todos os pais do Recanto das Letras e aos pais de todos os recantistas, transfiro o meu abraço neste dia, com o mesmo carinho que eu gostaria de abraçar o meu paizinho, se ele não tivesse ido habitar outras paragens mais sublimes.

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Nasci um dia, cresci e envelheço a cada instante,

momentos, passado, não mais futuro ou presente,

lembrança viva, no peito explode ainda vibrante,

ostenta o tempo um coração ainda dormente.

Meu grande pai na sua presença “ausente” ,

não se desfez o elo do abraço terno,

apenas saudade amena o peito sente,

não se perdeu a ternura, o afago é eterno.

Não mais desfrutarei da sua doce presença,

deixou-me nos genes, características, legado,

desde físicas, até da sensatez e pura crença,

da vida aqui nada se leva para o outro lado.

Conduziu-me pela mão e pela sabedoria,

da criança à menina, até a mulher forte.

Tê-lo tido e amado-o tanto, minha infinita alegria,

carrego com orgulho a minha grande sorte.

Ensinou-me com simplicidade a discernir,

entre os desígnios de Deus e os meus desejos,

resignar-me quando a hora é hora de partir,

o não negado de encher-lhe a face dos muitos beijos.

Quantas vezes eu disse “Eu te amo”, não disse tanto.

Talvez por insensatez, ou escondeu-se a emoção,

talvez poucas diante de tanto amor, não sei quanto,

julgando óbvio o que se sabia, num deslize da razão.

Celêdian Assis
Enviado por Celêdian Assis em 08/08/2010
Reeditado em 08/08/2010
Código do texto: T2425642
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