Linhas

Linhas

Sandra Ravanini

A José Carlos Lopes

“Acolho-te a ti, pela razão e o escrutínio

que me erigem falseando os horizontes,

porquanto eu nada sei do que ainda se esconde

sob a limpidez sedutora de um suicídio.”

(José Carlos Lopes, Musa)

Esmaltar a essência em síndromes e linhas,

o caractere que a distância afronta,

inda rindo da tristeza que remonta

a branca inspiração da suicida rainha.

Cerzir o ontem; triturada colombina,

olhando os muros e os rumos das ironias,

despistando as flores das cridas acrasias

escondidas nos sumos de outra anilina.

Às vozes de um rei, há ode no testamento,

descortinando as sombras do idem induto,

encenando os varais naquele tributo

onde a cicatriz é um castelo de alento.

Cerzir as flores em síndromes e graças,

ode de espinho ao caractere moral

descortinando à mão esse falsete adagial,

bordando as notas aos santuários das praças.

Esmaltar o ontem; beber da essência o verniz,

inda sorrindo da ironia negrejante,

do branco amanhã seguindo a vida adiante,

linha colorindo a tua e a minha cicatriz.

12/08/2009

www.sandraravanini.com