AMOR DESESPERADO

Amor desesperado

Iza Calbo

A moça desesperada

Escreve declarações de amor para si

Poderia ler um livro

Ouvir uma música

Mas o amor chulo de agora

A faz querer transformar a realidade

A quem pensa ela atingir?

O amor falsamente declarado não passa de ilusão

E o amor a mim confessado

Por quem ela pensa amá-la

Também nada me dá

Porque a certeza existe

E independe de palavras

Ditas ou escritas.

Amor de verdade resiste a frios e tempestades

Amor de verdade aquece o sol entre as nuvens

E simplesmente permanece.

Quer queira, quer não

Amor de verdade nunca vai embora

Não é possível apagar lembranças

Cada um tem seu jardim secreto

E, neste, não há entrada pública

Talvez por isso, não me alimente mais

Das pálidas ilusões

E quando ele repete que me ama

Eu apenas ouço

E isso já é o bastante.

Não precisa escrever

Porque tudo que se escreve

Cedo ou tarde, amarela e some

Já ouvi e li tantas juras de amor

Que, agora, me servem apenas

Para encher a gaveta da memória

Importa-me o toque

Importa-me o abraço

O cheiro e o desejo exalando pela casa...

E que não seja todo dia

Que seja um dia apenas

Porque, esta declaração em carne e osso

É a que cola no coração

E torna a alma iluminada.

Vai...

Escreve por ele, moça desesperada

Um dia verás que tudo só vale a pena

Quando o sentir se perde no sangue um do outro

E não nos papéis que inventas

Para, na sua comovente inocência,

Sentir o amor que ele até te confessa,

Mas não sente.

Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 31/08/2010
Reeditado em 31/08/2010
Código do texto: T2470205
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.