Artemis - dedicado às Mulheres recantistas

Não é à toa que a bela encantada atende por loba.

Há dentro de si fera ancestral querendo despertar,

tão ferozmente libérrima qual fêmea rude qu’acaba

cativa do caçador sem alma das matas a lhe domar!

Tempos idos,quando reinavam mádidas frescuras,

a bela era a fera,corria solta sempre desnuda,

em garras afiadas,cor escarlate,nunca aparadas,

alvoroçando a selva das ventanias e trovoadas!

Veio daí seu instinto animal faminto e corajoso,

antagonicamente choroso,que à toa se fragiliza,

tanta sedução oculta, encanto no olhar formoso,

saltando entre galhos e quando ama sublimiza!

Lobos do bosque, indefesos frente a sua graça,

adoravam Ártemis e a elegeram Deusa da caça,

com o arco e fechas de prata na fímbria da lua,

percorreu recantos do prado, tal loba caçadora!

Sua lira melodiosa enfeitiçava artes e poetas

e sob o cuidado dos cães e corças condoreiras,

metade virgem, metade loba das raias desertas,

deu às mulheres o doce absinto de primaveras!

Baseado no livro

”Mulheres que correm com os lobos”

< A força da intuição >

Clarissa Pinkola Estes

Santos-SP-27/09/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 27/09/2006
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