A ALMA VOA COM O CORPO

“O teatro em polvorosa, frenético ao vê-la, sapateando sobre todos, altiva e exuberante, o vestido vermelho derramando-se aos meneios

da dança, por todo o corpo. A flor vermelha escancarada sobre os cabelos loiros dá um toque de sedução e luxuria ao mesmo tempo.

A música embriagadora levando a platéia aos aplausos e frenesi. Flores voam da platéia para o proscênio.”

Que sente o corpo ao estimulo da música?

Impulsionada CALLIOPE ficou nas pontas dos pés.

Seu corpo gracioso revestiu-se de luz, dada à leveza

Que se pôs ante a música. Dirias que voava,

Seus pés mal tocavam o solo, o busto ainda inclinado,

Cheio de ar, enchia-a como um delicado balão.

Seus olhos por baixo das pálpebras viam das alturas.

A alma esboçada no sorriso que o corpo todo exibia.

Voava. O corpo a voar com a alma. Os sentidos aguçados,

O corpo é alma. Com os sentimentos e as emoções.

A ALMA VOA COM O CORPO. “Voar” assume o sagrado

O lugar em que a liberdade é capaz de tornar-se potente,

O lugar de encontro com o mundo. Detentora força viva.

No entanto, no corpo sofrido da dançarina,

Os pés sangrando, enfadada pela rigidez coreográfica,

Deixa sair a voar a Alma desta, por horizontes

Alcançáveis, onde o belo sobrepõe a disciplina,

O amor sobrepõe o acostume, e a liberdade à mesmice.