Garçonete guerreira

Minha homenagem às garçonetes do Brasil, nos termos abaixo:

I

Sábado de uma quente noite de verão,

A garçonete entra no Clube, toda exuberante!

Lindinha e benevolentemente séria,

porém de riso fácil e super-cativante.

Simpática, hábil, sensível, delicada,

atenta, grácil, íntegra e compenetrada,

prestes a encarar mais uma noite extenuante.

II

Antes dos primeiros acordes musicais,

A garçonete veste seu uniforme alaranjado.

Roupa que não esconde seu charme

e seu porte elegante, vívido e adocicado.

Cabelos presos, cérebro em alta voltagem,

corpo pronto para a batalha selvagem,

inicia seu trabalho de modo concentrado.

III

A garçonete por entre as mesas... ouvindo

pedidos em seu ouvido maravilhoso.

Atenta para não errar cada palavra.

Um sinal, um toque, um sussurro capcioso:

"Uma cerveja! Um Campari, por favor!",

"Pode me dar seu cartão, senhor?",

para atender cada cliente ansioso.

IV

O Clube, na madrugada, está lotado.

Fica difícil um completo deslocamento.

Ela se esforça, anda rápida como um raio,

não perde o rumo em nenhum momento.

Garrafas e copos são por ela conduzidos

aos clientes - estes seres emperdenidos,

sem danos e nenhum tipo de refutamento.

V

Ela está em plena sintonia com os clientes.

Senhoras, senhores, bêbados agitados

(a maioria dançando, eufóricos)

e todos em passos alegres e cadenciados.

Ela, séria ou sorrindo, sempre de pé,

andando, em passos vivos (menina-mulher),

seus músculos resistem... iluminados!

VI

É quase quatro horas da madrugada.

Ela está cansada, corpo esmorecido.

Além de pedidos, ouve cantadas, elogios,

conversas de bêbados, num vil alarido.

Não lembra quantas viagens fez até o balcão,

quantas bebidas conduziu por entre a multidão,

para cumprir seu trabalho endurecido.

VII

Mas a garçonete não dá o braço a torcer.

Ninguém percebe o quanto está cansada.

Continua firme, atendendo os clientes,

não boceja, não dá uma mínima fraquejada,

é uma guerreira, garota admirável,

honesta, de fibra lídima e inabalável,

mantém o ritmo forte por toda madrugada.

VIII

Finalmente, eis que a música pára.

Final de festa, hora de iniciar a limpeza.

O Clube está semivazio, naquele instante.

A garçonete percorre, impávida, mesa por mesa,

recolhendo, limpando, arrumando,

enxugando, esticando, organizando,

eficiente, mas sem perder sua graça e beleza.

IX

E quando tudo termina... um alívio!

Ela não está mais com o uniforme alaranjado.

Volta a ser a gatinha linda e delicada,

seu corpo não demonstra estar fatigado.

Está saindo do Clube - missão cumprida!

Feliz, por ser bela, honesta e aguerrida,

vai dormir um sono justo e recompensado.

Adoro vocês, garçonetes do Brasil!

Beeeiiijos!

FIM