A ANTONIO DO PORTO

De que porto

partistes Antonio?

À deriva no mar dessa vida

Qual navio sem eira nem dono

Que em qualquer porto encontra guarida

Em que porto querias Antonio?

Ancorar suas mágoas

Curar suas feridas

Aliviar essas dores

De calçadas, de ruas

E de noites mal bebidas

Quanta carga foi em teu costado

que levastes pra baixo e pra riba?

Qual navio cargueiro

Qual vela de cargas

Sopradas ao vento

Só sem passageiro

Quantos copos em teu porto

enchestes?

De solitários navios

De navegantes fantasmas

De mares vazios

E no porto em que ancorastes

depois da partida?

Será que lá encontrastes

O leito, a mulher e os filhos

Que não tivestes em vida?

Chico Alves dMaria
Enviado por Chico Alves dMaria em 26/12/2010
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