NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO

NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO

FLAVIO MPINTO

Nossa Senhora

Abençoe estas terras

Estas coxilhas suaves

O céu que a cobre

E o povo que a habita

Proteja os índios

Os animais

As plantas medicinais

Os arroios límpidos e seus peixes

Nossa Senhora do Livramento

Mãe e guia do povo fronteiriço

Lança teu manto

Nesta terra bendita

Onde a harmonia habitará

Eles foram chegando

Os donos do pampa começavam a ter companhia.

Amigo ou inimigos?

Os Minuanos, os Charruas

Os olhavam com desconfiança

Quem são esses forasteiros

Vindos não sei de onde?

Seriam de Tupá ?

A coxilha aos poucos começou a ser povoada.

Os jesuítas falavam em nome de Deus.

Mas que Deus?

De Davi Canabarro a Nelson Gonçalves

Guerreiros e artistas

Fazem desta terra bendita

Um oásis de cultura

Cantores, escritores, periodistas

Homens do povo refletem sua alma

Na poesia de Martin Fierro

Que com a sua calma

Descreve o pampa fronteiriço

Seus costumes e lendas

Suas vicissitudes e suas sendas

De heróis pampeanos

Sant’Ana do Livramento

Foste rebatizada assim

Por vontade do teu povo

Brasileiros, uruguaios,

italianos, espanhóis, portugueses,

os negros e os árabes,

últimos neste caldeirão formoso de raças

Onde impera sem jaça a fraternidade.

A humanidade fronteiriça

Ímpar nesta terra arquitetada por Deus

A solidariedade da língua

Na majestosa praça

Que as cidades une

Selando meio sem jeito

Levando a caridade no peito.

Agora Sant”Ana do Livramento

Marco de inúmeras culturas

Berço das agruras

Superadas com harmonia

Que o dia-dia

Hermanos fraternos

No calor materno

Que Mãe Sant’Ana

Nos seus braços ternos

A todos aquece.

Sant’Ana, berço da união fronteiriça

Exemplo de irmandade

Berço do gaúcho

Que sempre viveu livre

Tal potro guacho e caborteiro

Na más hermana de todas las fronteras

Cala bem profundo na alma do paisano

Conterrâneo de Flores da Cunha

Valoroso santanense pampeano.

Povo santanense agora canta

Canta alegre e feliz

Herdeiro de um destino glorioso

Vai colher nas suas vinhas

Nos campos generosos

Na água benigna

O fruto do seu trabalho

Santanense

Ergue teu corpo

Que nunca se vergou aos infortúnios

E grita com orgulho teu passado campeiro

“Visitante se aprochegue

É um santanense que te diz

Entraste no chão da campanha.

Eu sou parte desta terra

Herdamos identidades

Trago no jeito a memória

De quem fez a história

Estou construindo o futuro

Amparado por Nossa Senhora”.

(Porto Alegre,RS, 2006)