Mãe... VII

Querida mãe… ouve este cruel grito;

Esta dor que rompe neste meu peito…

É o poema, que não estava escrito;

Fado que não soa, mas estava feito.

Diluíste a alma na minha saudade;

Rasgaste os prantos, que meus olhos tem…

Olho o céu agora, é essa a verdade,

porque eles te procuram… nesse além.

Já não vejo as rosas do teu canteiro,

que me sorriam, logo pela manhã.

Perderam o doce afago do jardineiro,

essas carícias, já são esperança vã…

Nas minhas mãos sinto estranho vazio,

tenho um cruel grito na garganta;

Até o ar que respiro está frio…

Porque minha mãe… é agora Santa…

Deu-me a vida e tenho de agradecer;

Cumpriu o seu destino de mulher,

foi uma deusa no parto a sofrer…

Um poema à vida, que se fizer.

Um carinho a minha saudosa mãe:

Joaquina Afonso Lopes Basílio Ferreira.

- Falecida a 23 de Março de 1993 –

Estoril - Portugal

António Zumaia
Enviado por António Zumaia em 01/11/2006
Código do texto: T279485