FERNANDO COZOL MARTINS

FERNANDO COZOL MARTINS

“Recordai-vos dos feitos que vossos antepassados realizaram em seu tempo e merecereis uma grande glória e um nome eterno.” (1 Mac.2:51)

Fernando sonhando, encantado,

e mamãe embalando

memórias:

“_ Je vous salue, Notre Dame de Lourdes, pleine de grace...”.

Choro na escuridão,

todavia e toda vida, olho para os horizontes azuis e revejo o teu belo rosto.

Desventurado o instante em que “Volos”, o pássaro negro, apoderaste-te de ti.

Um ano de separação, tempo fugaz...

E já és eternidade!

Um abismo foi cavado em minh’alma,

tua família derramou em meus braços lágrimas de desespero.

Ah! mundo inconstante, instante trágico, e depois o sofrimento intraduzível.

Contudo, desvio meus olhos da tristeza e os fixo nas estrelas,

busco-te, Fernando!

E lá, bem distante, vejo a linda Águia Branca, as praias selvagens, de abundante natureza...

Eis Polska!

O Reino da Galícia, Ducado de Varsóvia, a Saga dos Polacos!

E rogo-te:

_ Fernando, fiques junto a teus ancestrais,

pois agora tu és puro Príncipe, tu és Cassol, Cozol!

Tua devoção nas missas vespertinas, trajado de linho branco domingueiro, tornaste-o consagrado “hassidim”.

Sei que cumpres o ritual dos teus antepassados:

“Zdrowas Maryjo laskís pelna,

Pan y Toba...”

"_ Santa Edviges, Rogai por nós, para que sejamos dignos das promessas de Cristo."

E sereno, contemplo a tua esbelta imagem a dirigir uma carruagem dourada rumo aos céus;

veja! tens ao lado duas belas virgens, as estrelas matutina e vespertina.

Agora és Príncipe de Polska!

Aqui, em meio aos anjos, aos sinos e aos monumentos gelados, num aveludado tapete de musgos, onde repousas, o sol lança faiscantes luzes,

tua coroa resplandece sobre a lápide,

e um redemoinho de pássaros brancos ruma diariamente para as costas dos mares do além.

Fernando Cozol era o meu amigo polonês...

Por magia do destino,

ficção encarnada do meu convívio,

reencontrar-te-ei nos altos das Montanhas Tatra,

e em lindos dias me contarás belas histórias

do longínquo Reino da Polônia.

SÍLVIO MEDEIROS

Campinas, é inverno de 2011.