Solano Trindade
Solano Trindade poeta do povo
Eu não sabia, mas somos irmãos.
Eu não sabia, mas a poesia tem cor,
E a profundidade da tua alma.
Poeta do povo, o povo é do poeta
Pois alguém precisa cantar a dor de uma gente.
Ontem eu era branco,
Descendente de austríacos,
Preocupado, amante do capital.
Hoje depois que te li,
Sou jovem, revolucionário, escuto o coração.
Mas não sou poeta, sou um fazedor de poesia.
Tu sim és poeta meu camarada da América e do mundo.
A tua poesia é remédio,
A tua letra atenua uma ferida, um pranto.
Solano, poeta e negro brasileiro.
De um país preconceituoso ( e vejam só): sem cor definida.
Poeta de alma simples, de vida simples.
Tu sim és poeta meu irmão.
Eu sou homem sem paciência,
Inquieto, brigo com minha mulher e
Desejo um futuro brilhante pro meu filho,
Com um bom limite no cheque especial
E profissão que confira status.
Sou alheio à fome dos irmãos da somália,
Enquanto minha boca ocidental
Se lambuza de delícias e profere palavrões no trânsito.
Solano Trindade tu não és daqui.
Tu és do mundo onde poetas
São tratados como jogadores de futebol:
Fama, mulheres, carrões...
Solano, tu és de Pasárgada..
Aqui não há tempo pro poema.
Há espaço pra novela, comerciais de cerveja,
Rede sociais, maledicências,
Aparências, futilidades, merchand.
Amigo, depois que te li,
Valorizo o sol, a chuva, o ser,
A revolução.
Teu poema é libertação.
Tua inspiração é alquimia.
obs: Minha homenagem ao grande poeta SOLANO TRINDADE.