Manhas do inverno

Somente no inverno valorizamos franzir a testa, felizes, ainda, apertamos os olhos pela claridade de um dia timidamente ensolarado.

Nossas vontades vão ao encontro de cafeterias, onde somos duplamente recompensados: o palato por gulodices escondidas, típicas da estação e por segurar uma xícara carinhosamente quente.

O calor dos abraços espanta a timidez.

O frio nos torna mais humanos, nos identificamos mais com os outros.

Nossa percepção é alterada - a cama torna-se um universo paralelo onde após passamos confortavelmente a noite, dormindo de conchinha com vários cobertores, e os travesseiros parecem implorar nossa continua companhia.

Dispostos a dormir mais, a valorizar o pijama, temos vontade de pipocas e filmes antigos.

Hibernamos acarinhados das pessoas que mais amamos.

Não considero o inverno uma estação fria, e sim uma estação manhosa, uma estação mal compreendida.

Vinícius Vanir Venturini
Enviado por Vinícius Vanir Venturini em 20/10/2011
Reeditado em 20/10/2011
Código do texto: T3288700
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