Natal de Cláudio

A um garoto afogado em Dezembro

Quanta ironia, garoto,

Partires nesta data.

Quando nasce o Filho do Homem,

Vem a água e te arrebata?

O verbo que te empresta o nome

Torna-te também símbolo de império;

Claudicas, sim, mancas, tens fome,

Pisas, com cuidado, o minério.

A água que ora te leva

Não o faz só por acaso;

Faz-te símbolo, luz na treva,

Uma estrela, única, no ocaso.

Já te vejo junto aos grandes

Que foram e deixaram saudade;

Aqui, fico esperando que andes

Como fizeste em nossa cidade.

Vai, leva contigo a maestria

De um gesto puro e banal;

Leva também a alegria

Que nos traz, muita vez, o Natal.