QUANDO OS SANTOS SE VÃO

Não sei por que os santos sempre parecem partir cedo demais

nos deixando tristes e órfãos

Quando se vão nos deixam menores do que éramos

Talvez seja egoísmo ou insegurança

Mas em um mundo permeado pela mediocridade e corrupção

não quero ficar sem alguém piedoso por perto

Os baluartes da igreja talvez não estejam nos púlpitos, vestidos elegantemente

Talvez não sejam os eloquentes oradores que bradam no rádio e na televisão

Quem sabe não os encontremos escrevendo poeticamente

ou destilando precisos postulados doutrinários

Talvez estejam onde ninguém os procura:

nos apertados e anônimos quartos de oração,

nas enfermarias abarrotadas de gente, dor e solidão

nas visitas diárias aos encarcerados

ou quem sabe em um canto esquecido de um grande templo religioso

Talvez nunca sejam reconhecidos pelos homens

Mas Deus um dia dirá que o mundo deles não era digno

(em memória de Maria Zuila Batista, uma santa anônima)

George Gonsalves
Enviado por George Gonsalves em 21/01/2012
Reeditado em 15/03/2013
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