Espírito Livre

Da janela do meu quarto

O Sol desperta meu consciente

Libertando meu corpo do ócio matinal

Estive perdido em sonhos fantasiosos

- Passos que eu não precisava apressar

- Mãos que eu podia apertar

- Semblantes que eu podia encarar

Porém, voltando às sombras desses dias

Que cegam até as mentes mais iluminadas

Pude então sentir em certos momentos

Quão indesejável pode ser a lucidez

Quantos questionamentos

Quantas dúvidas existenciais

Pois eu digo: rejeito vossos medos e conceitos morais

Entrego-me a meus pecados naturais

Carne desprovida de pudor

Àvida na ardência e no frescor

A contemplar e venerar a imensidão do vazio

Tão verdadeiro, sublime,

Evidente e invisível sinônimo de poder

Na escuridão da ignorância

A todos ilude,

A tudo comporta e a tudo abraça

Eis, ó espíritos do cansaço e da decadência

Vede quão vasta distância a separar-vos do Espírito Livre

Aquele que ascende ao cume de glória

E compartilha de onde as águias se aventuram

Quão distante estais vós no subterrâneo

Imersos em calabouços de lama e de mentira

Aprisionados em seculares grilhões de miséria e de cegueira

Amargando na eterna noite, paroxísmica elegia

Eis quele que aceita o milagre da vida

Despido das vestimentas metricamente elaboradas,

Armadura das tortuosas amarras da moral

Exibindo graciosamente a nudez clássica

Expõe a cura de sua doença, suas chagas

E a ausência de morbidez no olhar

Seguindo assim o curso de linear horizonte

Guiado por luminárias da liberdade

[Em memória de Nietzsche]

Isaque
Enviado por Isaque em 15/01/2007
Reeditado em 30/06/2007
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