À FLÁVIO & HILDA - Santa Ma. da Vitória BA.

Ao amigo Flavio Bonfim (re-edição)

SaMaVi - BA/1975

Eu bebo pra esquecer o futuro que perdi

e o amor de Hilda que se cansou de mim e partiu...

desceu rio abaixo... sumiu no vento!

Eu bebo pra fugir deste presente indigente

que sempre me faz lembrar o passado

onde deixei tudo de mim!

Bebo na esperança de que o álcool cicatrize as feridas

e as tantas lembranças que me atordoam o ser

bebo

bebo

até ficar bêbado

e cair esquecido de mim ...

Culpa desta sina... desta solidão

a suplicar a Deus outra chance

ou que me livre de mim onde mora tanta saudade!

Bebo, até ficar sem forças

pra me agarrar a barra do dia

que clareia

enquanto me faço estático

na penumbra de um quarto

cheio de lembranças...

Tudo passa a volta

como um moinho de vento

que não se cansa de girar... girar...

Naquela mesa do Santa Clara ainda vejo nós dois

tanto amor... de tanto amor eu lhe perdi

e fiquei esquecido num canto perdido

anonimo

ouvindo velhas canções...

esquecidos dos amigos...

esquecido do mundo

só tuas lembranças habita comigo este quarto vazio

só a saudade deste amor me alimenta

me faz levantar todos os dias

e bêbado ruminando a mesma rotina de todos os dias...

santa clara... saudade... velhas canções...

beber, fumar e beber

sem de nada querer me esquecer.

Deixei minha vida no passado

e agora só me resta ficar bebedo

bêbado de amor de cachaça

e de saudade

sem a ninguém murmurar minha dor!

por mais que´u beba não consigo tirar dos lábios

o gosto do seu beijo...

o calor de seu corpo que ainda me aquece

e só no coração calado

eu e minha dor e minha razão de beber tanto assim !

Hilda foi embora, desceu o rio... partiu !

porque a vida era sempre a mesma

porque o amor era sempre o mesmo

porque nunca ví nela o amor que perdi

senão depois, quando tudo já era saudade !

Nunca mais olhar em seus olhos

Nunca mais os seus lábios... sua voz !

Nunca mais o seu cheiro, seu corpo...

Nunca mais... nunca!

Ela há de saber que foi o último amor de minha vida

até que tome a ultima taça!

Eu bebo pra encher o vazio que ela deixou

Eu bebo pra esquecer o que nunca esqueci

Eu só soube o quanto amava Hilda

depois que ela desistiu de mim e partiu

Eu bebo pra ter uma desculpa do pranto

Eu bebo pra me punir, prá vingar de mim

por ter permitido perder o seu amor !

Eu bebo sim, morrendo a cada dia

afogado em tantas lembranças...

Eu vou morrer lhe amando e bebendo

bebendo, até ficar bêbado

e me desmaiar de amor e cachaça na praça do jacaré

ou num quarto vazio... naquele cantinho escondido

onde jaz as lembranças de nós dois...

...

Flávio Bonfim, baterista dos Conjunto OS JOVENS e de vários outros conjuntos musicais nas décadas de 60 e 70. Flávio viveu o sucesso como o Ringo Starr santamariense, viveu grandes amores, mas nenhum deles vivido, comparou-se ao amor de Hilda, que depois de tantas idas e vindas, um dia se foi e nunca mais voltou. Flavio Bonfim se manteve então fiel as lembranças de um amor infinito... Ainda vive num canto esquecido de Santa Maria da Vitória - BA, limitado pela idade, certamente não bebe como outrora, mas quanto as lembranças... Flávio ainda é o mesmo, apaixonado de sempre.