HOMENAGEM A UM SER DESPREZÍVEL

Nada cheira pior que goela de um urubu

Nem o gás metano evaporado do lixo

Ou ainda o famigerado odor do nosso intestino

Nada supera o mau cheiro de um corpo apodrecido

Do qual se alimenta o urubu,

Este higienizador da natureza

Tão útil, tão humilde, tão desprezado

A este ente da natureza, mando estes haicus

O urubu não tem preguiça

Apenas aguarda pacientemente

O corpo virar carniça

Do alto do céu o urubu voa

Parece planando à toa

Mas ele vigia os sinais da morte

Quando pousados na árvore seca

Os urubus confabulam

Sobre a descontinuidade da vida

Do alto do galho seco

Os urubus observam as almas

Pobres almas mortais

O silencio de um urubu

Não é casual, é um tributo respeitoso

Á mortalidade dos seres

Você sabia que foi graças ao urubu

Que pintaram a morte e o luto

De preto?

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 06/04/2012
Reeditado em 20/10/2023
Código do texto: T3597237
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