Laika*
Bailas ainda feliz por sobre as asas do tempo
Como um parasita com o corpo já velho, cansado e lento
E se alegra. Alegria tal que tiras apenas por poder estar vivo
De não querer da vida nada mais do que isso
E mostras, por vezes, o verdadeiro sentido da vida
De não ter pecado, pudor, inveja, rancor, dúvida
É tão simples. Você realmente sabe viver.
É tão simples que não entendo como pude esquecer
E por você ser assim entende o universo
Mas eu não. Eu sou pseudo-complexo
Não entendo de humildade e penso ser feliz
Guardando pela eternidade uma profunda cicatriz.
Pra quê servem seus pés, se não pra pisar o chão?
Ensine os meus. Estes só sabem correr sem atenção
E pra quê serve sua boca, se não pra comer?
E a minha, se não pra calar e obedecer?
E, entre você e eu, essa responsabilidade mútua
Menos da minha parte, sempre mais da sua
Cuidei de você até aqui, e você de mim
No entanto, sejamos assim até o nosso fim
*Minha eterna cadela, que ficou na família a mais de 19 anos, um grande animal, mas que infelizmente, devido a um câncer, veio a óbito em 13 de Janeiro de 2010.