E agora, pai?

E agora, pai?

Que a terra está cobrindo os teus olhos,

E pensando de ti me lembro do Drummond,

E também do João Cabral,

Pois estás numa cova com palmos medida,

Enquanto aqui eu respiro ao ar livre.

E agora, pai?

O tempo passa mas as memórias continuam.

Não, o Fernando Pessoa não tinha razão,

Lembro-me de ti em cada dia que passa,

Vejo-ti toda manhã no espelho,

Sinto-ti em cada abraço,

A tua memória está longe de morrer.

E agora, pai?

Quem me segurará com mãos grandes e fortes?

Quem me abraçará com tanto amor paterno?

Quem me beijará um beijo tão puro

Como o que recebi de ti na ultima vez?

E agora, pai?

Percebo-te nas minhas imperfeições,

Nos meus erros monumentais,

Os mesmos que ti faziam tão humano

E nada reduziam da tua bondade.

Pai, e agora?

Quanto me fazes falta, meu pai.