O Pranto do Lírio

à A.M.

Novamente, o Sol nasce apenas para alguns,

Os poucos que podem contemplar a beleza de um céu azul.

Os que podem ver uma flor desabrochar...E ficar feliz,

Feliz com a vida, feliz com as novas oportunidades.

Mas eu, eu sei que o céu está azul não por vê-lo,

Mas por saber que agora são dez horas da manhã.

Neste quarto com o frio de agosto,

Eu desabrocho sem vontade de viver.

Assim como um lírio cujo caule chora ao ser cortado,

Mas que desabrocha todas as manhãs,

Incansavelmente e até a morte...

Assim sou eu, um lírio sem querer desabrochar.

Sou quem sou sem querer ser,

Sofro por não querer ser quem deveria ser.

E ninguém entende minhas razões,

Meus motivos de querer viver diferente.

E a tristeza que vivo, a tristeza que sinto por isso,

Só eu sinto, só eu sei o que vivo.

E sei o preço, mas não tem preço um lírio que

Foi escolhido ser querer ter sido escolhido.

CfcL, 25/08/12