CORDILHEIRAS

Ando pela cordilheira sinuosa...

Dita “Dos Andes", na sua porção chilena,

Mística, imponente e misteriosa,

Aonde me sinto plenamente serena!

Na bagagem levo apenas o pensamento,

Papel , poesia...e delicada pena!

E ofegante ...aconchego-me ao vento,

E dela faço o meu mais belo tema!

Delineio a neve alva e floculada,

Como tinta que se adere à tela,

Exóticos desenhos, suaves e requintados,

Nesta geográfica e sobrenatural aquarela!

Refletem por entre a vegetação rasteira,

Tímidos raios de sol... dourados...

E no terno amanhecer da cordilheira,

A promessa de mais um dia abençoado!

Seus caminhos são parecidos com os nossos,

Imprevisíveis e surpreendentes...

E no seu mistério sinto igualmente,

A presença de Deus na vida da gente!

No efêmero tempo vejo o cair da tarde,

Como uma despedida triste e ligeira...

O pôr do sol mergulha nos seus braços,

E neste abraço, aceno adeus à cordilheira...

Reluz a noite de céu claro, estrelado...

Como um manto a abrigar suas ponteiras,

E cá em baixo, sinto a vida lá do alto

Tão infinita, quanto a montanha sem fronteira!

Chile,08-09-2000.