POEMA DAS MÃES

POEMA DAS MÃES

Mães de seios fartos,

brancos como o leite;

mães de seios secos,

negros como a fome;

mães de risos plenos,

de poucos dentes e muitos filhos;

mães de peito aberto

e coração pulsante;

mães que calam o choro

e secam a boca

para saciar outras.

Mães de colos quentes

e braços ternos,

ainda que famélicas;

mães de seiva eterna

bênção dos deuses e

martírio da desesperança;

mães que restam

quando nada mais;

mães que são a luz

e amam mesmo

filhos de outros ventres.

Só as mães calam,

só as mães choram,

só as mães sabem ser plenas,

ser crisálidas,

perpetuar-se

mães, mesmo de seus maridos.

Mães que afagam

e nunca apedrejam;

mães que se igualam,

tenham édipos, neros ou santos.

Só as mães amam

incondicionalmente.

Só as mães vêem por seus cegos

andam por seus paralíticos

e pensam por seus deficientes.

Só as mães entendem

e jamais padecem,

porque são o paraíso.