A mulher que ama

Deixem que poetas cantem o amor,

que hinos e odes façam em seu louvor.

Deixem que os sorrisos se abram encantados

que olhos se encontrem marejados,

que beijos e abraços se percam em loucuras

e se beba o cálice de doçuras.

Deixem...

Nenhum falar atingirá a infinitude

do que seja, na verdade, amar.

Não há razão que explique a beleza,

não há motivo que não se perca na incerteza,

não há comparação para a sua grandeza.

A mulher que ama

acende a mais brilhante chama

cujo calor contagia,

cuja luz irradia

toda a resplandecência do seu ser.

A mulher que ama

não consegue definir o que sente.

Só sabe que sente.

E a esse amor se entrega.

A mulher que ama transcende

sua própria capacidade de ser,

desnuda-se verdadeira,

cobre-se de festa, feiticeira,

e encanta.

Não sentem o chão seus pés voantes

não sentem frio seus seios arfantes.

A mulher que ama

agrada sem ser cobrada,

reina sem ser coroada,

entrega-se sem ser domada

e aprende sem ser ensinada.

A mulher que ama

entrega seu amor por inteiro,

não acredita em sentimento passageiro

e espera todo o tempo do mundo

para ser, da mesma forma,

amada.

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 10/08/2005
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