SUB-VERSO
(Ao amigo Emerson Caos)
Pelos cantos escuros
ele se sente seguro
Pelos cantos sem luz
nefasto ele seduz
Cachos desgrenhados
de anjo decaído
com asas púmbleas
sonhos proibidos
Já o chamaram de herói
-anti
Antes
do delírio
do martírio
Há tempos presente o percebo
transeunte marginal
na penumbra do medo
ocultando suas formas
ao se expor despudorado
Criatura estranha
sorrateira de histórias alheias
cativante
inebriante
esguia
sombria
De tênues feições
e idéias desconcertantes
Chora lágrimas pútridas
Regurgita as palavras
Expurga seus dissabores
Mas ainda tem sede
do vinagre embriagante
na madrugada de angústia
Mas ainda tem fome
da pueril poesia
numa tarde de tédio
O mundo dele é cinza
e a tristeza não se finda
Inspira perigo
Expira lascívia
Respira dor
Me chama de amiga
assusta e fascina
trás o caos pra minha vida
Sem escrúpulos me deixa envolvida
conquista minha estima
Decrépito escritor
com o coração em ruína
saído de uma briga
lambendo cada ferida.
(MMVIII)