SUB-VERSO

(Ao amigo Emerson Caos)

Pelos cantos escuros

ele se sente seguro

Pelos cantos sem luz

nefasto ele seduz

Cachos desgrenhados

de anjo decaído

com asas púmbleas

sonhos proibidos

Já o chamaram de herói

-anti

Antes

do delírio

do martírio

Há tempos presente o percebo

transeunte marginal

na penumbra do medo

ocultando suas formas

ao se expor despudorado

Criatura estranha

sorrateira de histórias alheias

cativante

inebriante

esguia

sombria

De tênues feições

e idéias desconcertantes

Chora lágrimas pútridas

Regurgita as palavras

Expurga seus dissabores

Mas ainda tem sede

do vinagre embriagante

na madrugada de angústia

Mas ainda tem fome

da pueril poesia

numa tarde de tédio

O mundo dele é cinza

e a tristeza não se finda

Inspira perigo

Expira lascívia

Respira dor

Me chama de amiga

assusta e fascina

trás o caos pra minha vida

Sem escrúpulos me deixa envolvida

conquista minha estima

Decrépito escritor

com o coração em ruína

saído de uma briga

lambendo cada ferida.

(MMVIII)

Alle Rodrigues
Enviado por Alle Rodrigues em 15/03/2013
Código do texto: T4190968
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