REINE A PAZ
Reine a paz em ti, Jerusalém,
cidade de David, o rei ungido,
inda nem tudo em ti foi cumprido,
mas inda se cumprirá para o seu bem.
Quando anoitece em ti, a grande lua,
esboça, lívida, seus raios, num sorriso,
e vai clareando a glória em cada rua,
para quem passa nela circunciso.
E lá do céu jamais será esquecida,
nem por seus filhos, pelos seus fiéis,
a muito que esta benção merecida,
é esperada, escrita em papéis.
Teus doirados muros do fulgor
de uma noite esplendida e garbosa
que lança luzes belas com primor,
até a luz da aurora mais mimosa.
A voz do amanhecer grita lá fora:
Fugidia madrugada da esperança,
que chora a liberdade, que chora,
e derrama o seu pranto de criança!
Os pés que te pisam são estranhos,
mas os olhos que te choram não o são,
são olhos que conduzem seus rebanhos
nas plácidas planícies de Sião.
Então Jerusalém, terra doirada,
Tu sempre foste para mim encanto,
teus muros soberbos na alvorada
resvalam de ti qual um doiro manto.
O sangue derramado, aí vertido,
foi passado no tempo, em seus umbrais,
o teu pranto em riso foi convertido
e o teu luto converteu-se em festivais.
Teu brilho é o fulgor do oriente,
não cansa-me subir tuas ladeiras,
o teu mercado repleto de gente
eleva-nos ao monte das oliveiras.
(YEHORAM)