Ao Stênio, senhor cantor

Minhas humildes saudações, senhor cantor!

Sei das tuas estruturas, das tuas alturas,

conheço-as bem - principalmente por um tecladista, Reggiani -,

e elas são, claramente, poéticas.

O senhor que fez poemas, poesia reta de se ler;

tu, que desbravas o cavanhaque

e o cavaquinho, deveria juntar-se à nossa sociedade,

à junção dos secos. Sim, secos.

Nós, que não somos ritmados, mas textualizados,

que não temos uma clara musicalidade.

Podemos ter o ritmo, o som,

a sonoridade, mas, como o senhor,

que tem as notas audíveis, a melodia estonteante,

o sabor e o labor das cordas ao teu favor,

não somos. Somos textualmente secos.

Nossa vida e viver provem do texto,

do sexto heroico, da prosa estruturada,

do fonema labutante, semântica esforçada,

pragmática exaustiva, exegese e sintaxe viva.

Mas, o senhor, que é cantor, tem as cordas...

entretanto, o senhor cantor

não nega seu enquadramento estrutural,

seu ritmo poético e não musical.

O senhor, meu cantor, deveria ser dos nossos!

Deveria estar entre os melhores Drummonds.

Seria, talvez, meu sétimo heroico,

meu autor de alta estima.

Ah, senhor cantor, com todo respeito,

mas tua estrutura está nos secos!

Não o chamo de escritor, pois tenho

de chamá-lo de cantor.

Cantor escritor? Um ou outro.

Primeiramente o senhor é cantor ou escritor?

Deverias ser escritor, digo eu, com todo respeito e carinho.

O senhor tornou-se cantor,

fato que deixou-me estranhado;

o senhor foi para os lás e os rés,

e não pros alfabetos português e grego.

O senhor se tornou melódico, e não metódico.

Mas, conheço tuas músicas,

elas já me foram tocadas;

já foram ouvidas, jogadas,

passadas, repassadas...

São tuas músicas ou teus escritos?

Diga-me, por favor, senhor cantor [escritor?].

Falaste, escreveste, cantaste da beleza do rei?

Escreveste "na" capa do mestre?

Sua cobertura te bastou?

Ela é leve... mais do que a pena.

O senhor cantor acorda

e logo vê alguém como você:

um pecador. Logo, me vê? Assim como o senhor, cantor.

O sinhô, oh cantô,

deve ficar contando e cantando os dias

em seu calendário de formato de acordes,

para cantar, mesmo à meia noite,

para ter as certezas das suas confissões,

e não como de uma figueira murcha.

Digo mais, cantor, senhor:

teu coração só estará

no único amor verdadeiro

caso esteja corado pelo sangue do Leão de Judá,

e não pelas incertezas do amanhã,

nem pelo "e se eu, eu, eu, eu, eu, eu ...?";

não se trata da tua face,

mas da dEle, pois é nEle, para Ele.

Pois, assim como Zaqueu somos pequenos e miseráveis,

usamos máscaras, temos muralhas de soberba,

somos o avesso da bondade, festa de abominações,

somos muito, e não pouco, deprimentes;

Mas, caso ELE nos renasça, refaça,

regenere... então viveremos para sempre

com o Senhor do tempo - seremos quadros mudados,

pediremos novas coisas, teremos novas amizades,

sentaremos no tapete da eternidade não somente por quinze anos,

mas sim para sempre, com o próprio Tapeceiro.

Agora, pergunto eu, senhor cantor:

és cantor ou escritor?

O senhor é escritor ou cantor?

Bom, pelo que vejo em suas nomeações,

creio que o senhor seja cantor mesmo...

Sua última canção será quando?

Só DEUS sabe, sinhô cantô, só Ele sabe...

mas, pela uma nova canção, peça sim!

E, quando ganhardes, lá pelo fim da tarde,

agradeça pela música, pela melodia,

pela "musicação" - palmas ao neologismo!

Ah, uma pergunta: em suas cordas

o sinhô pode usar da licença, como na escrita?

Bem, senhor que agora já sei que é cantor,

e talvez também escritor, posso dar uma sugestão?

Vire escritor, meu senhor!

Brincadeira, brincadeira...

cada qual faz tal qual DEUS decretou.

Mas, ainda persevero em dizer

que tua estrutura é das nossas,

dos secos poéticos, patéticos. Sim, patéticos.

Ah, cantor, meu senhor, com todo respeito,

mas me dê esta caneta! Vamos!

Toca esta viola que eu escrevo pro senhor, o que acha?

Não sou papel branco, nem caneta projetada,

mas sou pelos golpes sofridos, vividos.

Stênio, senhor cantor...

estanho, não estranho.

Senhor cantor, eu vou pelo viés e estrutura do escritor...

tu, pela cantoria e melodia do sol amanhecido.

Sinhô cantô escritô,

quer ser somente cantor?

Eu, pois, prontamente me torno seu escritor.

Stênio, senhor cantor escritor,

que eu escreva e que tu cante para o SENHOR dos senhores,

SENHOR dos escritores, dos cantores.

Senhor cantor, saúdo-te com minha pena!

Saúda-me com tuas cordas?

Saudemos, pois, juntamente e em conjunto ao SENHOR

dos escritores, cantores, das penas, das cordas,

SENHOR dos senhores.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[26/06/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 26/06/2013
Reeditado em 26/06/2013
Código do texto: T4358661
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