FRONDOSA


Lílian Maial
 
                         Para Valéria Tarelho
 
 
 
O dia me amanhece arbórea,
tronco arqueado, esgotada de seiva,
ainda em busca da renovação nas estações da palavra.
 
Não há invalidez nas plantas.
Os tantos galhos secos simplesmente se partem,
 sem questionamento.
Apenas consideram seu papel no todo.
 
Meus olhos despertam secos.
É preciso chorar pétalas,
derramar floradas de versos,
me refazer frondosa.
 
Sou milenar em cada rima,
secular em cada olhar,
rotina de gestos e sentidos.
 
É tempo de maturar o fruto,
estufa de quereres,
aguardar, com a sabedoria das árvores,
a colheita da poesia.
 
 
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