TERNURA

Vejo-me no espelho;
A imagem refletida,
Não é minha;
É a da minha doce mãe,
Como eu pareço com você mãe?
Herdei de você;
Esses traços fortes,
Esses cabelos negros,
Que já não são tão negros assim.
Herdei de você;
A simplicidade de viver,
O afã de querer o bem de todos,
A inquietude da alma,
Tudo tem que ser para ontem.
Herdei de você;
A expressão desmedida do amor,
As asas que voam atrás dos sonhos,
A coragem para enfrentar os mêdos.
Herdei de você;
A maneira quase extravagante de falar,
A espontaneidade dos atos,
A vivacidade dos gestos.
Olho-me no espelho;
A imagem refletida?
Sim; é minha;
Não pode ser sua, mãe;
O meu olhar não possui,
A ternura do evangelho,
Que reluz de forma tão divina,
em seus olhos;
Essa ternura, 
Somente o olhar da verdadeira mãe,
É capaz de transmitir.