Elegia a Bernardo

Quem disse que na Terra não há anjos?

Muitos vêm, cumprem missão, vão embora...

Silogismos são patentes que tais seres apresentam

Mesclados à dor para que sofrimento seja exemplo

Perante uma humanidade carente de fé e coragem,

Por isso eles pousam e vivem em eterna viagem...

Pelos ventos gaúchos aterrissou sublime estrela azul

Que sobreviveu paraplégico da afeição mais cara,

Foi assediado pela psicopatia que se tornou tara

Dum genitor perverso que maculou o Cruzeiro do Sul.

Órfão da maternidade que foi o ouro de sua existência,

Viu-se atormentado pela perseguição implacável de vil madrasta

Que corroborou em família para enlouquecer a consciência casta

E imaculada dum menino cujo sangue exige a diligência

A fim de que os anelos da justiça punam seus homicidas...

Garoto diamante que caminhou dentre maldita gente,

Buscava tão somente o afeto de um pseudo e rabugento herói,

Contudo a ambição desmedida é doutrina que destrói...

Encarapuçados marginais fizeram da santa criança indigente

E impuseram a si a injeção letal da crueldade e da maledicência.

A sociedade se vê chocada diante da inconcebível tragédia,

Uníssonos adotam a vítima com intenso e verdadeiro amor

E conclamam como reparação o castigo e o destemor

Para que o exercício do mártir não seja encarado como comédia...

O silêncio foi a tônica, o pior poderia ter sido evitado,

Mas o papel da potestade aí está indelevelmente gravado

No seio dos homens e que sirva de sublime lição...

Os céus estão em festa... O grande missionário retornou,

Em sua passagem pelo orbe evocou em nome do amor

A santidade das criaturas que olvidam o bater do coração!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 13/09/2014
Código do texto: T4960833
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