Insondável Sertanejo

Cai a escassa chuva

Sobre a terra seca

Do árido sertão,

Trazendo esperança

À gente que vive

Em desolação.

Só que a chuva é pouca

Pra matar a sede

Do sedento chão,

Cuja língua longa,

Voraz e invisível

Torna risível

Qualquer comoção.

Mas de ilusão

Vive o sertanejo.

E, a qualquer lampejo

De sonho ou esperança,

Vem a confiança

Na Divina Grandeza,

De que a natureza

Lhe trará bonança.

O que mais assusta

No homem do sertão

É a gratidão

Frente ao sofrimento.

Agradece a Deus

A chuva não mandada,

E na fome e na praga

Não mostra lamento.

Como, então, medir

A força de alguém

Que enxerga o bem

Mesmo no mal?

Que a morte não teme,

E não foge à má sorte;

Que, na fraqueza, é forte

E acha a dor normal?!

Josué Batista
Enviado por Josué Batista em 15/10/2014
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