MANOEL DE BARROS...

Se eu pudesse ser poesia,

seria a de Manoel de Barros.

Toda torta, meio suja, mas encantadora!

Eu seria deserto e abandono,

ermo e pequeno; decerto falaria

com os pássaros, monturos e rios.

Nalgum dia, amanheceria árvore…

Adormeceria pedra e renasceria chuva!

As garças trariam o escuro para acender

os vaga-lumes, a lua muda encantaria o mundo!

Depois, bem depois, seria de novo criança a

brincar em meio às coisas miúdas da terra…

As lesmas e as formigas ficariam de ciúmes

de mim por me dar tão bem no mundo delas.

Vestir-me-ia de árvore e os pássaros viriam

acasalar nas minhas asas verdes e frondosas!

Eu seria abastado para a poesia, tudo seria verso,

As borboletas me fariam uma boa sombra de cores.

E toda noite seria de abril; e toda noite a lua abriria

sorrisos; me faria a poesia mais feliz que já nascera!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 16/11/2014
Código do texto: T5036980
Classificação de conteúdo: seguro