A VIAGEM A SERGIPE

Os olhos abriram e procuraram a luz daqueles dias, o corpo rebuscava o cansaço das noites em claro, o coração rememorava as palavras, os momentos, os sorrisos que trocamos juntos durante dez dias expressados no companheirismo mútuo e no único pensamento de curtimos todo bem estar e prazer que aquelas horas nos proporcionariam. E como foi bom conhecer todas aquelas maravilhas por vós acompanhado! As praias que visitamos o mar salgado onde nos banhamos, a areia que guarda a saudade dos nossos passos, as ruas xadrez por onde o ônibus passava e cada nova curva desenhava uma paisagem diferente, casas simples e icônicas, pessoas que cortavam e se perdiam em nossos caminhos sem saber o átimo especial que queríamos eternizar. E eternizamos. Em todos os detalhes que nos foram possíveis, no nosso modo particular, na visita aos lugares que respiravam a história, outros que transpiravam o comércio, ao cotidiano prático que se espelha na realidade de nossa espécie. É claro que também padecemos, porém padecer ao vosso lado foi de uma graça sem controle. Desejar a singeleza do café com pão à típica comida ofertada, o espaço apertado, o precário banheiro de um só chuveiro, as ferroadas lancinantes das abelhas, a distância entre os pontos em que nos encontrávamos, tudo fez parte daquele conjunto no qual só se sorri a calmaria depois da tempestade, que para se ter valor algo tem que fazer falta, todavia aquilo que tivemos e vivemos isto sim me ficará e espero que também a vós fique, o pôr do sol, a graça da cerveja ou água, a caminhada, as estátuas paradas ou ambulantes, a pintura, o artesanato, os produtos de uma arte ainda sem nome mas que nós vimos, a chuva em pequenas gotas que pareciam um cafuné vindo céu, um comichão nas entranhas, um abraço de plástico bolha, o aquário, o lago, o banco de areia, a pequena cabana na ilha distante. Eu sei que vós também vivenciastes coisas diferentes das quais não imagino senão em sonho, pude ver que no fundo dos vossos olhos a paz e mágica cresciam e por todo lado habitavam, transitando nesses espelhos pude me ver e compreender melhor cada um dos meus pedaços que somente assim divididos em um só laço poderiam estar sólidos e completos. Sei que agora cada manhã dissipará um pouco esses sentimentos indizíveis, batalharei com toda garra para tardar a dissipação dos bons momentos, entretanto sei que não tenho motivos para desesperar nessa hora infalível porque guardo boa parte de vós comigo, protegido e sagrado, na minha mente, coração, espírito, alma e de agora em diante só tenho de vos encontrar para me aquecer no abraço de tudo que foi plantado.

Homenagem aos meus amigos, colegas e companheiros de viagem. Até a próxima.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 03/02/2015
Código do texto: T5124659
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