desenho/Lreinhardt
 soft pastel on paper


                                   (AO POETA  MANOEL DE BARROS)
     


      Sorria Manoel
      sorriam todos os Joãos
      sorriam todas as Marias
     só tu concebeste  poemas sem pecados
     só tu falavas o idioma dos pássaros
     só tu lias e escrevias em passarês fluentemente
     só tu conhecias das memórias das pedras os estilhaços
     das memórias dos fósseis as areias movediças
       dos itinerários  dos pântanos o coachar lambedor
     que as andorinhas te bem desguiavam antes do café da manhã
     sorri  Manoel
     seja sempre bem vindo o  teu  sorriso
    o teu sorriso  de susto eterno
    de conhecer das cores os andrajos das tintas
    das árvores o sono e as insônias delas
    de saber  da idade de tantos  arvoredos cegos
    de que conhecer tantas declinações de poemas andarilhos
    Seja a tua graça Manoel sempre benfazeja
   pois que voejam das  águas bentas dos teus rios agora 
   agora  pássaros como tu
   minas de verdades donde se guardam os teus minérios
   leite puro  da árvore com que escreveste
   de que te amamentaste  teu olhos sempre em extase
   tu árvore carne sempre poesia
   desnuda ao fiel sempre a ti que te enviesava a alma
  para assentar garçando sobre os peixes do pantanal
 e no anzol  pescar palavras/aquelas que não mais existem...