Uma quase vovó

Uma quase vovó, mulher madura

Gosta do que faz, trabalhadora.

Às vezes criança, menina pura,

Menina moça, sonhadora

Outras vezes se depara pensando

Com nostalgia dos tempos de criança

Do passado distante, nem tanto

Aliás, bem presente, nas lembranças.

Faz tempo, muito tempo,

O marido que veio e que voltou

Do seu primeiro rebento

Da dor, que também amou.

Da vontade de amar novamente

Do medo da paixão dominante

De trair o passado com o presente

Trocar o falecido pelo amante.

O tempo na terra que a Vida lhe cedeu

Parece curto, outras vezes demorado

Pergunta-se, será que valeu?

Realizou tudo que tinha sonhado?

Anima-se, rejeitando a idéia da velhice;

Busca forças, no vazio, ou no nada;

Analisa seu estado: a viuvice

Constata: está desemparada.

Recusa-se a sucumbir na vida

Levanta-se disposta do seu ninho.

A solidão que vem da despedida

Não detém a quem sabe o caminho.

A vida sorri pra quem trabalha

Pra quem aos outros se dedica

A felicidade vem e nunca falha

À quem às flores vivifica.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 03/07/2007
Reeditado em 05/07/2007
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