(Foto Luisa Campos)

Se as Estradas Falassem


 
Se as estradas me contassem em meio aos meus dedilhares,e sutilmente me confessasse onde se encontra o verdadeiro elixir do amar;

Se nas estradas minha mais nova morada me revelasse o que me move e o verbo mais cru do que é intensamente o buscar;

Se as estradas desavisadas de concreto pisado me dessem um atalho do caminho menos suado para estancar o meu só penar;

Se nas estradas as melodias mais singelas as tornassem menos austeras tão só com meu bradar;

Se as estradas enfadonhas aliadas,até em tom de deboche e sem cartas marcadas,externassem o curar do meu tanto andar;

Se nas estradas com as estrofes da saudade de casa,em burbúrios com alento mesclado aos meus mais variados lamentos pudessem em mim me reensinar a cantar;

Se as estradas de tantas moradas desavisadas de minha sorrateira passagem dedicada tornassem a minha viola em um sagrado morar,mesmo que me desprezasse daria sentido ao meu vagar;

Se nas estradas os calos de minhas andanças fossem curados,os ritmos de minha vida fossem reorganizados,eu cantava para ela em meio ao mais sórdido luar;

Se as estradas, ou nas estradas me falassem que o que move o ser é o que há de se achar,eu prefiro não encontrar,prefiro a viola na sacola,meia dúzia de aplausos a alimentar o meu inspirar,tão só assim me faço plena nas esquinas mais serenas onde eu possa em nota cantar,que o que me move é o que não se acha,pois, o que já achei há muito decidi abandonar.


Dedico esta poética à andarilha mais querida que jaz em meu coração Ana Maria Avelino
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 23/01/2016
Reeditado em 23/01/2016
Código do texto: T5520852
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