O cronista da Piedade

O cronista da Piedade

Mereceria uma placa:

"Cronista da Piedade"

Esta casa prolifera

Muita criatividade

As plantas falam com ele

Os cães fazem melodia

Ele assimila e transforma

Os fatos: pura alquimia

Chega a noite. Ideias dançam

Na mente do escritor

Gênio multifacetado

Livros, escola, amor

Na calada, o corpo dorme

E a alma põe-se a sonhar

Gerando crônica nova

Com tema, data e lugar

Cortinas esvoaçantes

Traçam arcos, retas, tramas

Envolvem sonhos errantes

Emolduram nossa cama

O ventilador insiste

Em dançar uma valsinha

Com a porta do armário

Que, há anos, dança sozinha

Um cão gane ao pé da porta

Tentando, dengoso, entrar

Há muito ele vive aqui

Tem visgo deste lugar

O cuco anuncia as sete

E nosso escritor desperta

Todo o quarto, então, se cala

Entrando em estado de alerta

Palavras retornam aos livros

Livros voltam às estantes

Nada mudou por aqui

A casa está como antes.

Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 29/02/2016
Reeditado em 23/03/2016
Código do texto: T5559197
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