PARATY

O mofo que brota nas suas paredes

é a vida impregnada

da história latente

e comprimida em paralelepípedos

pulsando nos corações esquecidos.

O tempo, que a concebeu

na fusão das paixões,

dores e sonhos

deu-lhe o corpo robusto do ouro,

um sangue nobre

e uma alma de aura aquarela.

O mar

entediado com a monotonia do azul

contempla o sorrir das suas janelas

e a beleza das suas formas coloniais

Apaixonado e enciumado,

penetra nas suas entranhas, ruas.

Quer possuí-la.

O barco-coração

que nos seus braços aporta

rende-se e aconchega-se.

Prova os seus sabores,

ouve os seus cantos de sereia,

e embriaga-se com a sua saliva doce.

Ao partir,

o barco-coração leva embora

riquezas de artesãos,

beijos molhados de sal,

um amor de verão

e esperanças de retornar.

Ana Paula Scolari
Enviado por Ana Paula Scolari em 19/03/2016
Reeditado em 07/01/2018
Código do texto: T5578610
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