PARATY
O mofo que brota nas suas paredes
é a vida impregnada
da história latente
e comprimida em paralelepípedos
pulsando nos corações esquecidos.
O tempo, que a concebeu
na fusão das paixões,
dores e sonhos
deu-lhe o corpo robusto do ouro,
um sangue nobre
e uma alma de aura aquarela.
O mar
entediado com a monotonia do azul
contempla o sorrir das suas janelas
e a beleza das suas formas coloniais
Apaixonado e enciumado,
penetra nas suas entranhas, ruas.
Quer possuí-la.
O barco-coração
que nos seus braços aporta
rende-se e aconchega-se.
Prova os seus sabores,
ouve os seus cantos de sereia,
e embriaga-se com a sua saliva doce.
Ao partir,
o barco-coração leva embora
riquezas de artesãos,
beijos molhados de sal,
um amor de verão
e esperanças de retornar.