Homenagem a Regina Sardoeira
Que bonito é o rio da minha aldeia
Sem desprimor para todos os outros rios
Que como o da minha aldeia
São generosos e são perseverantes
Correndo para a liberdade
Como o poeta segue a flama da eternidade.
O rio da minha aldeia é prenhe de natividade
Que o vento leva em asa rendilhada
Desde o ontem até ao perpétuo presente
Subindo aos cumes mais elevados e agrestes
Num hino alegórico ao ímpeto redentor.
O rio da minha aldeia trilha veredas sinuosas
E ora bravio ora meigo
Arrufa-se langoroso entre estreitos e lameiros
Dando e colhendo essências inovadoras
Partículas laboriosas de génese e de vida
Alvas sementes de fertilidade idílica.
Com o rio da minha aldeia
Parto em expedição ao meu próprio rio
E o meu rio confunde-se nas águas de outros caudais
Engrossando a divergente cadencia da unicidade
Admitindo que cada gota é um núcleo da verdade
E a verdade só é pura quando se compreende a diversidade.
Moisés Salgado