OBRA ANGELICAL

À TANI SARA, MINHA SOBRINHA E AFILHADA.

Parece até que os anjinhos,

Ao bom Senhor se juntaram,

na hora em que ia montar

Uma certa bonequinha.

Pegaram, então, as perninhas

E colocaram ao seu lado;

Os bracinhos rechonchudos,

Não o deixaram esquecer.

Os olhinhos bem sapecas,

Tiraram de uma boneca

Que era de amostra geral.

A boquinha pirracenta,

Tiveram que inventar na hora,

Porque lá não havia igual.

O nariz, então, nem se fala!

Arrebitaram tanto o coitado,

Que o Senhor chegou a ralhar;

Mas as dobrinhas, as curvinhas,

faziam tantas, os anjinhos,

Que Deus não pôde evitar!

Cessada a obra Divina,

Ficou encantado o Senhor,

Com a mais linda das anjinhas,

Que quase sozinho criou.

Mas ao colocá-la de pé...

Que susto! Ai, que horror!!!

Esqueceu-se dos cabelos,

Disso ninguém se lembrou!?

Procuraram por toda parte,

Mas no estoque, nada havia;

Portanto, a obra Divina,

Ficaria para outro dia.

Os anjinhos fizeram beicinho,

Não se conformaram com tal

E, em segredo, escondidinhos,

Fizeram a arte final:

Cada um sacou um cachinho,

Dos muitos que o Senhor lhes dera

E, simplesmente, colaram

Na cabeça da boneca!

Então, ficou prontinha,

A anjinha mais lindinha,

Que o Senhor mandaria para cá.

Combinou tanto o acerto,

Que mais lindo brinquedo,

Jamais houve por lá!

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20-09-1986