A Irmã do Meio

A IRMÃ DO MEIO
Miguel Carqueija


Vocês mais velhas, façam isso!
Vocês mais novas, façam aquilo!
E eu estou sempre no meio.
E mesmo havendo muito disso,

e até perdendo quilo,
eu quero ser um esteio
para mamãe e papai,
ajudo sem dar um ai!

Ser do meio não é fácil
mas nós temos muito amor;
cada irmã é doce e grácil,
nos tratamos com calor!

O mano tem até ciúme
mas quem mandou nascer homem?
Nós temos nosso perfume,
e sonhos que nos consomem.


Vivo no mundo da Lua
querendo ter namorado;
quando ando pela rua
olho muito para o lado!

Mas não sou irresponsável,
e faço o dever de casa:
com todos eu sou amável,
comigo ninguém se atrasa!

Minha maezinha querida,
comigo podes contar:
abençoa a minha vida,
não venhas a me faltar!

Vejam como é desgastante,
e tenho que ser paciente:
não sou nem velha o bastante,
nem nova o suficiente!





A caçulinha é criança
e anda descalça na rua;
o meu queixo não alcança
mas diz que a minha calça é sua!

A mais velha com olhar
de mestra e de sabichona
quer tudo me ensinar
com uns ares de mandona!

Pra completar o maninho
se eu me ponho a cantar
se faz de incomodadinho:
— Para de desafinar!

Às vezes fico irritada
e quase que perco a fala:
claro que eu fico cansada,
ter que aturar cada mala!

Mas para me distrair
eu brinco com o cachorrinho,
passeio com a Nair,
e tomo o meu sorvetinho!

Mas gosto da minha gente,
nós temos que nos amar!
E o amor que a gente sente
nos faz a vida cantar!

Pois entendam bem vocês,
temos amor pra dedéu,
maldade aqui ninguém fez
e nossa família é o Céu!

Papai, mamãe, as maninhas,
o mano e o cachorrinho,
nosso lar, nossas alminhas,
é de amor o nosso ninho!


(10.5.2016)


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