CRÔNICA DE CHAPECÓ

Eles eram heterogêneos, muito diferentes entre si, como qualquer grupamento humano, mas eles tinham umas coisas em comum!

Eles cantavam juntos!

Eles comiam juntos!

Eles oravam juntos sempre pela mesma razão!

Eles lutavam juntos, eles sonhavam juntos!

Embora fossem tão diferentes, eles estavam sempre juntos em torno deles, surgiu uma comunidade.

Juntaram-se milhares de fanáticos e fervorosos que os abraçaram

Que cantavam por eles, que os insuflavam à luta!

Vibravam com suas vitórias e deliravam com suas conquistas!

Uma comunidade barulhenta e feliz firmou com eles um pacto de amor imorredouro!

Por eles, se enrolaram em bandeiras , criaram gritos de apoio,

Tocaram tambores, vestiram-se de verde, cantaram canções

Criaram até um escudo de guerra e com eles sentiram-se invencíveis e os fizeram também sentirem-se invencíveis!

Deles se orgulharam e por eles, levantaram suas autoestimas

Os tornaram seus ídolos, sonho de suas almas

Razões de suas vidas!

Viviam felizes com eles, como passarinhos nos pomares da vida sem medo de qualquer perigo!

Embora fossem tão diferentes, eles estavam sempre juntos para honrar a esperança de sua nova comunidade, agora transformada em uma pátria verde de esperança!

No dia de sua morte, eles também estavam juntos!

Todos no mesmo avião, todos com o mesmo destino

Assim juntos no derradeiro momento, tremeram de medo, juntos se desesperaram, gritaram e juntos pediram a Deus por suas vidas!

Mas unidos caíram para a morte do alto onde estavam e juntos morreram!

No silencio da montanha....

Pensou-se ouvir algum vago gemido

Mas foi por pouco tempo,

Logo, apenas o vento e o silencio eram ouvidos

Porque eles todos se calaram no frio da noite

Todos juntos!

Todos no mesmo local, todos próximos uns dos outros

Assim juntos, seus corpos foram resgatados

Juntos voaram de volta à pátria, ao rincão onde o sonho deles foi construído.

Chegaram no avião da FAB – Que honra para aquele grupo!

Vieram todos ao mesmo tempo, com as honras de heróis nacionais, merecidamente!

Chegaram num sábado cedo!

Deus, talvez comovido, mandou suas lágrimas, chovia muito!

Depois entendemos que a chuva, visava disfarçar as lágrimas verdadeiras da legião de desconsolados que queriam dar-lhes o último adeus!

Lá estavam eles, juntos também no mesmo caminhão!!!

Em seus caixões brilhantes, tão bonitos, cobertos de branco!

Debaixo da chuva torrencial foram então celebrados por seus devastados fãs e receberam juntos, lindas homenagens e flores do mundo todo!

Mais tarde, cessou a chuva...

Todos da cidade, partiram para suas vidas, com os peitos arrebentados!

Ai então, que finalmente aquele grupo se cindiu depois de tanto tempo!

Uns ficaram em Chapecó, outros seguiram em voos, para suas cidades de origem!

O sonho que sonharam se desfez na alma de cada morador da cidade com um nó amargo nas gargantas, outrora, felizes!

E eles então se separaram, por fim,

Para nunca mais se juntarem!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 05/12/2016
Reeditado em 05/12/2016
Código do texto: T5844758
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