Um poema para uma poetisa
Se existir ilusão dentro da realidade,
Será um regato em ondulações,
Acariciando as pedras
A fim de um sono silencioso.
Será um vaivém de desejos guardados
No cristalino reflexo da memória.
E, com mãos medrosas, recolho
Florzinhas da água, e, das folhas espalhadas,
Faço veleiros ao abandono.
Eu assumo, então, o leme e me guio
Por sobre as correntezas do sonho.
Sem bússola ou mapas, vou seguindo
Por dentro de cavernas azuladas,
Até chegar à margem de uma ilha,
Lá bem no finalzinho da tarde.