Chove, Porto Alegre

Chove, e a água abundante se esparrama,

E segue escoando ao meio fio...

Na Redenção, sobe um cheiro de grama,

E na Tristeza, começa um vento frio...

Pela cidade, o dia vira noite,

Precipitando entre trovoadas,

Uma melodia embalada ao açoite,

Dos pingos surrando as calçadas...

Chove, e aos poucos a água se encana,

Até que no Dilúvio, venha desaguar...

Enchendo Guaíba, como uma vertente insana,

Para correr no horizonte, até que possa chegar ao mar...

Chove, e com o vento, ela chega a vir de lado,

Virando os guarda-chuvas de quem quis se arriscar...

Quem não os tem, procura um telhado,

Até que ela possa passar...

Mas se não passa, não espera,

E corre pela Andradas escorregadia...

E sente dela, a atmosfera,

Como se corresse, em uma rua vazia...

Porto Alegre, porto molhado,

Chuva gelada, que lava a alma do vivente...

Que no dia seguinte, se encontra gripado,

Mas logo se anima, depois de um mate-quente...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 02/08/2007
Código do texto: T589427