Minhas belas

Desde o início as amei

Assim que pude e enxerguei

Desde as primeiras oitivas

Das palavras entorpecentes

Que fazem poetas delirantes

Apaixonados e errantes

Vi que estariam pra sempre

Na minha cabeça dura e quente

Me amolecendo, me moldando

Igual fogo e solda ardente

Me fazendo feliz, amado

Me fazendo sentir gente

A poesia veio primeiro

Sem pretensão, bem singela

Depois veio a Gabriela

Num tempo que ainda jogava

A primeira na janela

E me fizeram enxergar

O quanto a vida é bela

A primeira vem e vai

Em sopros, olhares, em sons

Com se quisesse traçar

Minha vida, dar meu tom

Só depois compreendi

E aceitei esse dom

A segunda chegou dona

E me fez gato e sapato

Até hoje sempre faz

De bobo, besta e palhaço

E consegue o que quer

Num dengo, beijo ou abraço.

Essas duas mandam em mim

De uma maneira bem delas

Uma chafurda a cabeça

A outra me põe a cela

Vão enfeitando minha vida

A poesia e a Gabriela.

11.09.2016