ACOMPANHANDO CAMÕES

 

“Amor é fogo que arde sem se ver”,

Num arrebatamento deslumbrado,

Como eco que ressoa no passado,

Sufocando o grito antes de nascer.

 

“È ferida que dói e não se sente"

Queima como fogo a nossa carne,

Deixa a alma aflita no desencarne,

Para aquele que já se fez ausente.

 

“É um contentamento descontente,”

De um servil soluço na garganta,

Que atravessa o peito que canta,

Qual lança envenenada, impaciente.

 

“È dor que desatina sem doer,”

Na insensatez senil da piedade,

Retorna ao lugar, sem vontade,

Delira e geme na fantasia do sofrer.

 

marcOrsi