La Solitudine, versão Colatina
Uma menina bonita e um menino que também não era feio
e entre os dois, aquela coisa, meio que magnetismo,
o romantismo de quando ainda se podia ser romântico,
algo assim, muito poético ou patético, aos olhos de hoje,
mas era linda a impressão que passavam os dois,
pra depois ser tudo jogado fora, pois foi embora o menino.
Ele nunca viu o seu pai leva-la à escola,
como sugere a bela canção que inspirou este poema,
que também não se passou na Itália essa história,
mas é verídico e brasileiro esse romance,
que aconteceu num colégio,
na pequena cidade de Colatina,
sem o fim trágico de Romeu e Julieta,
mas digno de um filme épico
e emocionante também.
Chamá-lo-emos, o menino, de Claudiney
e quanto a ela, apelidaremos de Mary,
para assim preservarmos as suas identidades,
pois a maldade, rara naquele tempo,
é bem comum nos dias atuais
e ademais, pode haver um ou mais corações
que se incomodem.
Coração dos outros é terra em que ninguém anda
e é por isso também que a gente não sabe para onde vão
os corações.
Era o molde de um amor perfeito e o primeiro para os dois,
algo assim tão puro, que eu juro,
que quando ele não a via no pátio,
principalmente na hora do recreio,
açoitava forte em seu peito aquele receio,
de não ser mais capaz de viver sem ela
e era assim, meu caro, de primavera a primavera
e para quê férias(?):
Sei que assim pensava ele,
só não sei se assim pensava ela.
Várias cidades os separaram por muito tempo
e adversidades, também, e das mais variadas
e a saudade, que foi companheira e conselheira,
também se cansou um dia,
pois de certo havia algumas outras melancolias
para ela consolar.
Claudiney se casou e mary também,
mas como eles têm alguns amigos em comum,
não foi difícil pra ele saber dela
e nem também, pra ela saber dele.
Tiveram seus bebês, como tinha que ser,
viveram as suas vidas, do jeito que quis a vida
e talvez um dia se reencontrem,
pois o trem ainda passa naquela cidade,
não mais no centro, como passava antes,
mas nada mais é como era antes
e creio que até a forma de amar mudou
e o único e último consolo é que,
o que um dia foi amor, sempre será amor.
"Os Long Play de antigamente
traziam estampados que 'música é cultura'
e eu, humildemente acrescento,
que música é saudade também,
meu bem."
para preservaçã