Aos muitos Zecas, Joãos, Joaquins e Serafins

Conheci o Zeca, na Bahia mesmo

e para ser mais exato,

lá em Bom Jesus da Lapa,

sua cidade natal,

meio que andando a esmo,

pois era o Zeca,

da fama e da época que passaram.

O Zeca de 'Porto Solidão',

imortalizada pelo também ídolo ido,

Jessé, ou Gessé, não importa como é,

o que importa é que a solidão

é algo que temos muito em comum,

até para aqueles que não querem habitar,

nesse nosso mundo tão comum,

para uns, assim como também,

para alguns.

'Porto Solidão'

e que solidão, meu irmão.

Não podia ser um Porto Alegre

ou um Porto Seguro?

Um desses portos está na Bahia

e para que andar tanto,

insistir tanto,

para escrever sobre a solidão?

Mas ela não é só sua,

está nas ruas conosco enquanto andamos,

está nas palavras, porquanto falamos.

Está nas nossas atitudes e nas altitudes,

nos voos que tentamos alcançar.

Eu conheci a sua terra,

tenho um CD autografado por você,

mas não era mais aquele Zeca Bahia,

embora sempre fosse o Zeca da Bahia.

Quem é que não tem o seu porto solidão,

Zeca?

Mas os fãs são como os fiéis nas romarias,

de todos os dias,

porque a vida nos cobra sempre uma reza nova,

porém, dentro daquilo que ela lhe deixou fazer,

você procurou fazer muito bem

e o 'Outro Lado da Moeda',

obra que ainda está comigo,

meu amigo,

é muito fácil de entender o porquê,

mas para compreender,

é preciso saber -ou viver,

os dois lados.

E de que lado você está?

Se for do lado da solidão,

sinto muito, meu irmão,

mas aí você nunca estará só.

Na garganta um nó,

pela solidão que nos uniu,

lá na calma do rio, o Velho Chico

e São Francisco também se sentia muito só.

rodriguescapixaba
Enviado por rodriguescapixaba em 17/02/2018
Reeditado em 17/02/2018
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