Marielle Franco

Jamais deixarei de amar teus olhos
Porque nada há de mais orientador
Que a luz do teu olhar, apagar-se-ia mágoa
Do meu viver apenas com os gestos
Das palavras que certamente iria proferir.

Inicia-se tua voz onde tudo teria terminado
Porque em meu ser nada mais restaria
Senão saudade do passado longínquo
Teu amor veio como fé no coração
Do desesperado, porém, sem promessas futuras.

Para que eu possa por os pés neste chão
E me banhar na gota desse orvalho
Que sustenta meu corpo na luta pela vida
Eu nada pediria além deste olhar
Que simplesmente me incendeia da cabeça aos pés.

Tua face está em outra face no enleio doirado
Dos sonhos, que desabrocha na madrugada
Porque eu também encostei minha face em outra face
E ouvi teu sussurro no vento na hora do amor.

E no intimo da noite, quando cavalgavas
Pelas ladeiras da velha Lapa, vinha o bondinho
Pedindo passagem e o cavalheiro alado
Sorrindo lhe estendia a mão e liberava os trilhos
Nas confins dos Arcos onde mistérios rondavam.

Mulheres são chuvas de prata, que desempatam a luta
Pela igualdade e respeito as diferenças, uma sonata
Cujos autores somos todos nós que numa só voz
Inconformada com a perda direta da jovem
Vereadora irá à luta porque o sonho não acabou.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 16/03/2018
Reeditado em 16/03/2018
Código do texto: T6281558
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