Trato milenar

- à Walt Whitman

Ao redor da fogueira dos tempos

boiando às pedras no caminho

estala a brita do carvoeiro

ficando no infinito harmonia.

O vento que precede a poesia

é ânsia de tara por conseguinte

aos movimentos perfeitos do cosmos

de uma realidade já edificada.

Sereno não apressa o verso,

ao contrário, lustra a face

o corpo de ensejo delirante

o original em todos eles.

Incorpora a marca do presente

o monumento, transforma no sol

que vem iluminar as rodas

a arder nos horizontes de cachimbo.

A planta sobe o estrato divino

tunelado fluído e concentrado

dá o teor quando desce a seringa

ribeirinha às margens suas.

O universo conspira relampejando,

almas parecidas encontram-se

e o que era bom ficou melhor

no corpo de frutificação da glória.

Do núcleo o ente vegetal

circula o pigmento psicotrópico,

o mesmo de outrora revolvido.

O que não era peso quis inexistir

o que é saudade pelo nada

o que seria amor será viver.

Pelo que se sabe chapar é

pelo que se sabe deixar-se amar

pelo calor da balada enveredar.

Não tem como hipocrisia em casa

não tem como falsidade na calada

não tem como mentira se sustentar.

Se lambuzar os cantos da boca

se lambuzar qualquer canto

se lambuzar de se fartar no canto.

Mais uma chance de alimentar a chama

mais fácil a água sublime

mais doce a luz da lua.

PEPPER
Enviado por PEPPER em 31/05/2018
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